domingo, 29 de janeiro de 2012

O jeito peculiar alemão...

Ontem ao visitar a casa, lembrei-me desse episódio que aconteceu em 1953 Walter Gropius e Niemeyer. Gropius, fundador da Bauhaus, veio ao Brasil para ser jurado do Prêmio de Arquitetura da 2ª Bienal de São Paulo e Niemeyer o convidou para uma visita na Casa das Canoas.

Niemeyer projetou a Casa das Canoas em São Conrado, Rio de Janeiro, e apresentou o projeto da seguinte forma: "Minha preocupação foi projetar essa residência com inteira liberdade, adaptando-a aos desníveis do terreno, sem o modificar, fazendo-a em curvas, de forma a permitir que a vegetação nelas penetrasse, sem a separação ostensiva da linha reta."





Mas, gente, alemão que é alemão da Batatolândia não vê a beleza, leveza em primeiro lugar( pelo menos não a maioria), o lema, ditado popular aqui é " Quadratisch, praktisch, gut!"( tecla sap: quadrado, prático, bom), o prático sempre em primeiro lugar. É só ver também os carros "populares" alemães, linhas retas, robusto e manutenção barata( quem falar que o golf não tem nada de quadrado, precisa ver o Golf produzido na Alemanha, nem de longe parece com o Brasil)e tudo aqui é assim, sem muita beleza, enfeites, mas duravéis, funcionais cmo não era de estranhar( voltando ao caso do Niemeyer e Gropius)
Gropius, precursor do funcionalismo e radicalmente contra o pensamento singular e individualista na arquitetura e no design, conheceu a tal casa, e comentou:


"Sua casa é bonita, mas não é multiplicável”.( nem precisava falar que era alemão, só pela fala já reconhecia esse jeito direto, reto e certeiro, claro além da tal funcionabilidade).



Niemeyer contou o episidio no Correio Braziliense:



“A Bauhaus, que é a turma mais imbecil que apareceu, chamava a arquitetura de a casa habitat. Não interessava a forma, desde que o quarto estivesse perto do banheiro, a cozinha perto da sala e funcionasse bem. Foi um período de burrice que conseguimos vencer. A escola que eles construíram nunca ninguém pensou nela, porque não tem interesse nenhum, ninguém nunca ouviu falar. E o chefe do negócio, o Walter Gropius, era um babaca completo. Ele foi na minha casa nas Canoas, subiu comigo e disse a maior besteira que já ouvi: “Sua casa é muito bonita, mas não é multiplicável”. Pensei: que filho da puta! Para ser multiplicável teria que ser em terreno plano, teria que procurar um terreno igual e meu objetivo não era uma casa multiplicável, era uma casa boa para eu morar. Eles eram assim, sem brilho nenhum. E o trabalho que ele deixou é um monte de casas que se repetem. Foi um momento que ameaçou a arquitetura, mas Le Corbusier e os outros reagiram. Foi um momento em que a burrice queria entrar na arquitetura, mas foi reprimida.”



Bom todo essa introduçao era somente para dizer que o gesso do teto está pronto e o Pipocão( essa história foi para ele) quer colocar aqueles enfeites( esqueci o nome) no teto, que aqui é isopor e é quadrado, sem grandes enfeites, mas aqui não é comum, pra falar a verdade nunca vi, só mesmo no Brasil e Portugal. Depois de conversar sobre o gesso, lembramos dos telhados que no Brasil é uma verdadeira obra de arte, cheia de schnick schnack( tecla sap II: nove horas, mas enfim, o telhado temos que nos contentar com de duas águas até por que evita desmoronamento em caso de nevasca( isso realmente é verdade?) e isolação. Nem entro do assunto azulejos para não chorar.


Ai, que saudades do meu Brasil varonil...












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